Arquitetura da informação em tempos de Inteligência Artificial

Este artigo foi escrito por Melina Alves, fundadora da DUXcoworkers, consultoria de inteligência coletiva para design de experiência em serviços, cidades e produtos. Melina possui formação Publicitária, especialista em Arquitetura da Informação e Design pela Future London Academy, com aperfeiçoamento em Admnistração Empreendedora pela FGV e Neurociência pela Intelectus-USP.

Professora em UX pela PUC-RS, Impacta, FASP, nas disciplinas de Usabilidade, Prototipagem e Oficina integradora de Conhecimento, Liderança em Design e Branding com realização de treinamentos in company.

As informações abaixo são baseadas na experiência profissional e acadêmica de Melina e serviram de base para sua palestra na ESPM Tech para o curso de pós-graduação em Data Analytics e Marketing, disciplina de Arquitetura da Informação: UX & UI.

Confira temas relevantes na era da Inteligência Artificial relacionados a AI com dicas e insights relevantes.

A IA vai substituir a Arquitetura da Informação?

Com a IA tão presente em nossas vidas, parece que todo conhecimento do mundo já é ultrapassado e que basta um clique para que ela faça algo melhor do que você.

O tempo de aprendizagem dos computadores, são na verdade imensamente mais rápidos que o processo cognitivo humano. Mas, são outras cognições.

Chamarmos de Inteligência Artificial é por si só já um erro. Atribuir a algo que foi essencialmente usado para humanos para esclarecer o processo de aprendizagem dos computadores, é como criar uma alucinação conceitual do próprio conceito.

Ao que podemos atribuir a inteligência humana é a nossa capacidade de criatividade, artística e especialmente nos relacionarmos em sociedade e nossas emoções.

Mais uma vez estamos ao longo da nossa existência, reduzindo nosso potencial criativo e de “capacidade” de discernimento com os excessos da vida tecnológica, estamos cada vez mais vulneráveis a IA.

Inteligência Artificial na Arquitetura da Informação

Influência da IA no processo cognitivo humano e no poder de decisão

  1. Acreditamos em análises superficiais.
  2. Sem repertório para contrapor sugestões previsíveis e programadas das IA.
  3. Distantes do contexto real dos usuários, porque valorizamos por vezes muito mais a tecnologia e o processo dela, do que o que, de fato, precisamos para nossa existência.
  4. Somos orientados a aceitar conteúdos “educados” e pouco autêntico, afinal, é confortável para os seres humanos se sentirem no comando.
  5. Podemos nos tornar dependentes do contexto fornecido, pois a falta de formação e raciocínio complexo nos deixa cada vez mais enviesados pelo nosso próprio cérebro, deixando o comando sempre direcionado ao sistema 01, que não exercita nossa mente o suficiente.
  6. Baseadas em suposições enviesadas, não seremos capazes de corrigir ou contra-argumentar.

Baseadas em suposições enviesadas, não seremos capazes de corrigir ou contra-argumentar.

A evolução das tecnologias e seus contextos

Tendo esse contexto em uma realidade de curto prazo, como você quer criar tecnologias daqui pra frente? E sobre a arquitetura da informação?

Para responder esta pergunta, Melina Alves conta um pouco de sua trajetória contextualizando como o mundo tecnológico estava sendo desenvolvido.

“Em 2005, comecei de maneira autodidata meus estudos sobre Arquitetura da Informação, me especializei e comecei a dar aulas sobre o tema a partir de 2006.

  1. Era o começo dos E-commerces. Meios de pagamentos digitais estavam sendo implementados.
  2. Não se falava em “Mobile Experience”, mas os SMSs e a comunicação por mensagens como Messenger, Skype, Intranets e as primeiras Midias sociais indicavam a nossa aptidão ao “teclar”.
  3. Teclamos tanto que ficou mais fácil para os computadores interpretarem a informação compartilhada nos Blogs, Sistema orientado ao objeto, web semântica, teoria das redes. Estamos falando essencialmente de “Informação”.

Portanto, na ERA DA INFORMAÇÃO com IA conhecer os princípios da ARQUITETURA é essencial.

5 motivos para dizer que arquitetar experiências não deveria ser tarefa de IA

  1.  Trate a IA como uma Persona “boca aberta”: não conte a ela seus segredos sem entender os riscos da sua operação em utilizá-la. Sendo viável, convide-as mas sempre com olhar crítico sobre suas soluções.
  2. Encare a IA como alguém eficiente e pro-ativo, mas nem sempre tem o conhecimento para direcionar suas decisões.
  3. Você é o líder da concepção: a IA é um técnico, mas precisa do seu conhecimento para direcionar suas decisões.
  4. Estude UX como um médico. Evolua a capacidade científica, entenda o mercado, aplicações, contextos. Seja crítico e colaborativo. Considere ganhar conhecimento de outras áreas no processo e não acomode seu cérebro com a primeira sugestão.
  5.  Evite o viés da IA, seja um pesquisador recorrente para manter o seu pensamento crítico, empatia e ética não sejam substituídos.

Seja você o arquiteto da experiência que deseja construir. Apoie-se na IA para padronizar estruturas de tela com boas práticas de usabilidade e co-criar. Mantenha-se na liderança da experiência.

Timeline da arquitetura da informação

Qual é um framework ideal para um Arquiteto da Informação, na Era da Informação, com IA?

Framework de UX em tempos de IA

1. Estude modelos de aprendizagem e conceitos de psicologia cognitiva e psicologia cognitiva social.

Compreenda como aprendemos e como podemos poupar o esforço cognitivo dos nosso usuários. Esta compreensão mudará o jeito de pensar interface apenas pelo UI, e considera o contexto de uso também como um artefato de interação que transforma a experiência humano-computador. Apesar de pouco explorados na formação de UI, são essenciais para UX Researchers.

Gestão da informação IA em arquitetura da informação

2. Construa um objetivo com priorizações e estabeleça hierarquias

Um planejamento de ações desejado, ajudará a construir a jornada ideal para seus usuários, considere para isso estudos sobre Service Design, Job to Be Done, Design Thinking.

Gestão da experiência na arquitetura da informação

3. Revise sua estratégia considerando as boas práticas de usabilidade e experiência para hoje e para futuras gerações

Saiba fazer boas escolhas. Considere as 10 heurísticas de Nielsen. Adapte-se a teoria da carga cognitiva de Sweller. Evolua a partir dos conceitos de Design de Experiência de Donald Norman. Refine seu design com olhar crítico das Affordances e Gestalt. Inspire-se em Google Material Design e Apple Human Interface Guidelines. Cuide do futuro da experiência olhando para o Design Regenerativo, Slow Design, Calm Technology como inspirações do planejamento a concepção.

Arquitetura da Informação como ter uma boa gestão de experiência

Boa gestão de experiência em AI

4. Prototipe sua experiência com paper frame, ou protótipo de baixa fidelidade, eles podem ser excelentes exercícios e também são testáveis!

Realize Testes de conceitos, estratégias e jornadas e analise a curva de aprendizado da sua solução. Os fluxos e as hierarquias não precisam de look’n feel da sua marca para serem revelados. Caso esteja utilizando processos longos, exaustivos e sem compreensão clara, considere Cardsorting para entender estruturas da informação considerando modelos mentais diferentes. Realize um design review com critérios de experiência e honre a arquitetura do seu projeto, sendo um “gestor” da arquitetura da experiência que você deseja praticar.

5. Identifique pontos chave de governança e de resultados do processo interativo

Estabeleça critérios de controle em formato gerenciável, como matricial. Dê orientação de prioridade e justificativa, e avalie os critérios de resultados dos testes, e de evolução da interface dentro de conceitos de Mobile First.
Estude bibliotecas de componentes de UI disponíveis. Use recursos como webflow, IA e Figma para adaptação do Design System aos diversos tamanhos de tela.

6. Certifique que a arquitetura está planejada considera uma boa performance a todos

Faça testes de SEO, acessibilidade e usabilidade de acordo com as diretrizes WCAG usando ferramentas disponíveis de mercado para validar por exemplo contraste e tamanho de fonte com Color Contrast Analyzer e Stark Plugin para Figma.

Caso tenha optado por uma solução pronta como WordPress ou Lovable IA, certifique-se que solução está em conformidade com projeto e com as práticas de usabilidade e acessibilidade desejada e documentada por você.

7. Confirme os requisitos e boas práticas de ética e LGPD da tecnologia escolhida

Você pode ser um “advogado” da experiência do usuário até nos requisitos tecnológicos. Identifique se estão adequados a estratégia desenhada e a experiência de curto, médio e longo prazo que foi estabelecida.

Neste artigo você aprendeu insights valiosos levando em consideração a experiência acadêmica e profissional da Melina Alves, que refletiu pontos atuais e que liderarão os debates sobre o futuro da Arquitetura da Informação em tempos de Inteligência Artificial.

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