Em sua sexta edição, o Interaction South America (ISA) surpreendeu a todos e se firmou como o maior evento mundial de Design de Interação e Experiência do Usuário (UX). Sempre em busca das tendências e práticas desta área que está em constante inovação, a DUXcoworkers não poderia ficar de fora e seus principais coworkers e colaboradors da sua rede de inteligência compareceram em Florianópolis (SC), cidade que sediou o ISA deste ano.
Com duração de três e uma programação extensa, o ISA2017 tentou cobrir quase tudo o que se produz, pensa e o futuro do design (e achamos que quase conseguiu!), unindo teoria e prática com as mais diversas disciplinas do conhecimento humano.
O primeiro dia foi uma verdadeira maratona de palestras e workshops. Mais de 200 apresentações se dividiram nas chamadas “ilhas de conhecimento”: Negócios, Tecnologia, Humanas e Comunicação.
“Mas como conseguiram colocar tudo em dia?”. Simples, quase todas as ilhas ocuparam o mesmo espaço do Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira, em “palestras mudas”. Todos tinham fones de ouvido com vários canais e, para ouvir a palestra, era só sintonizar no canal da ilha de conhecimento. Além disso, foi adotado o formato TED Talks, e cada apresentação durava no máximo meia hora.
Além de patrocinadora do evento, a DUXcoworkers marcou presença no primeiro dia com a palestra de Melina Alves. Com o tema “ScreenSaveUs”, nossa fundadora discutiu o que é Inovação e aonde ela pode nos levar, para então trazer questionamentos sobre a nossa sociedade ultraconectada e possíveis soluções para os problemas que isso pode trazer.
Os outros dois dias contaram com palestras com grandes estudiosos e profissionais do mercado, trazendo cases, reflexões novidades e muito bom humor. Mesmo com este tanto de conteúdo, conseguimos dividir o que vimos em alguns tópicos. Assim dá para ter uma ideia do qual proveitosas foram as palestras. 😉
Cultura de UX
Os desafios de se criar cultura de UX
Muitas palestras trataram dos desafios de grandes empresas e seus profissionais e de criar uma cultura de UX para projetos ou mesmo como cultura organizacional que leve em conta seus princípios.
O papel de equipes de UX dentro de uma empresa com objetivos de inovação
Já aqui temos o papel dos profissionais com eles mesmos, assumindo lideranças
Pesquisas com métodos de UX para profundidade e
jornada de produto e serviço
A importância de se expôr um processo e
as vantagens dos atributos de projeto
A otimização de busca como aliada a UX para trabalharem
juntos pela experiência
A interseção de Branding e UX, caminhando juntos para construir
conceitos e serviços eficientes
A cultura organizacional inspirada em UX, criando mecanismos de
experimentação e multidisciplinaridade para entender melhor o outro
O entendimento correto do Design dentro de conceito de UX
A escala de maturidade de uma empresa que assume cultura de
UXD com processo organizacional
Não é bullshit, é Cooper. Slide mostra como da cultura de UX faz parte da Cooper e da maioria das empresas do Silicon Valley direcionadas para inovação.
Sobre o papel de UX como um catalisador de mudanças culturais nas organizações
IoT + UX_Objetos Diversos
Aqui é ressaltado como a Internet das Coisas (do inglês Internet of Things) vem sendo aplicada à refrigeradores e outras tecnologias do nosso dia a dia, trazendo os mesmos processo de pesquisa, validação e gestão de UX das interfaces tradicionais para IoT.
O diferencial aqui e principais pontos de atenção dessa equiparação ficam no o processo de validação de segurança e design sensorial como um ponto extra dessa convergência.
Ferramentas de trabalho para trabalho UX e IoT integrados
IoT e processos de projeto de geladeira inteligente
Os principais desafios desta área são: integrar o produto interativo na vida das pessoas, segurança, as percepções de comando e acesso que podem se tornar mais sensoriais, como uso de voz, iluminação, sensores de presença, etc, no lugar dos botões tradicionais.
IoT + UX _Weareables
Gráfico panorama para utilização de IoT
Além de eletrodomésticos em geral a IoT também pode ser aplicada nos chamados “objetos verstíveis”: roupas, óculos e os mais diversos acessórios. A palestra de O’Nascimento fala sobre o uso de tecnologia vestível e Internet das Coisas para a criação de experiências subjetivas aplicadas ao conceito de “brand experience”. Os cases apresentados ainda mostram exemplos de weareables mais experimentais e artísticos, destacando o quanto a tecnologia se popularizou mais do que estudos de uso eficientes. Destacou-se o reforço do palestrante em chamar atenção das marcas para o cuidado com entusiasmo das ideias. Como ele mesmo ressaltou: “Não é porque existe a tecnologia que precisamos ter um produto criado para pessoas, isso envolve pesquisa e precisa efetivamente fazer sentido”.Uso de IoT em weareables – expõe a emoção dos usuários
conforme tom de luz da roupa.
Por falar em Weareable e IoT eficiente, percebemos que esse não é um desafio somente de consultorias ou pesquisadores que trabalham com tecnologias emergentes. A Samsung também está pesquisando sobre isso e o time de Lab do Sidia Manaus apresentou um projeto da área de UX inspirados em premonições assustadoras sobre as condições de saúde das pessoas em pouco anos.
Como forma de motivar a percepção de cultura de UX dentro das outras áreas da Samsung e ao mesmo tempo melhorar as condições de prevenção do colaboradores, a equipe realizou pro-ativamente uma pesquisa para entender perfis mais dispostos a prevenção da saúde e aqueles totalmente indispostos.
Como resultado, prototiparam um chatbot com Whatsapp na organização, totalmente inspirado em “Star Wars”, mais especificamente o personagem Mestre Yoda. Ele era o motivador de uma vida saudável para que os colaboradores não desistissem do tratamento.
Na verdade, foi criado um mecanismo prototipação não totalmente digital para pesquisar o comportamento de pessoas e resiliência em relação aos tratamentos preventivos. Somente depois criaram uma uma nova tecnologia, usando Whatsapp manual como chatbot e diário de pesquisa e tendo como usuários os próprios colaboradores.
IoT + UX _ Cidades
Mabuse explicando viabilizadores do projeto
Ação de obra interativa com poesia falada em praça de rua
Registros de prototipagem e testes unindo lúdico e co-criação para
aprendizado coletivo e envolvimento dos times
Em Recife, H.D Mabuse e seu time cpnseguiram pela primeira vez na história da legislação brasileira a aprovação de projetos culturais e inovação. A prefeitura e o Ministério do Turismo aprovaram verba de incentivo cultural para pesquisa e prototipagem e não necessariamente um produto pronto, acreditando que a pesquisa e as informações de viabilização de projetos já testados com usuários poderiam auxiliar nas decisões de implementação, reduzindo custos de investimento desnecessários em propaganda ou outros. Assim, o estudo e a prototipagem testada passam a ser tão valorosos quanto o produto final.
“E porque investir em projetos de interação lúdicos para cidades?”. Para resgatar vivência em lugares não habitados, o olhar de beleza e admiração pela cidade que vivemos. Para trazer nosso histórico de convivência e brincadeira em que a cidade era como um grande quintal. Para melhorar aspectos turísticos e todas as questões de ocupação urbana e segurança.
Argumentos não faltaram para que esta iniciativa seja exemplo para outras prefeituras e ministérios e, para quem depende de incentivos públicos, um estudo de caso a ser explorado mesmo que não seja diretamente uma verba de pesquisa e inovação, afinal, pesquisar e inovar cabe em qualquer tema, certo?
Nessa perspectiva de cidades, Steve Baty trouxe uma visão mais próxima da integração de IxD a grandes construções e transportes públicos como um progresso entre o design de baixa fidelidade ao design de um ecossistema de serviços de alta fidelidade, aplicado transporte e espaços públicos.
É muito interessante ver como processos de projeto são aplicáveis para interfaces e para grandes construções e, nesse caso, como as interações saem do tradicional, pois passam a ser cidades interativas sem ser necessariamente digitais.
Pesquisas e Prototipagem
O case que a Carol Zatorre e Julia Sporh apresentaram em Processos de Indexação de Dados de Pesquisa mostrou uma desconstrução de persona e perfis desenhados pelo marketing como potencial de convergência e engajamentos para programas de relacionamento e loyalty, tudo baseado em acúmulo de pontos e vantagens.
Processo de investigação de UX adotado para uma pesquisa
de pontos e recompensas
O Departamento Marketing trouxe um direcionamento de perfil e estratégia feitos por uma agência, com a intenção de contratação da pesquisa para validar persona e jornada. E o que a pesquisa apontou foram outros perfis e jornadas, diferentes dos definidos pela agência, como principais potenciais de consumidores engajados em programa de pontos.
Objetivos da entrega.
Fica registrada a inconformidade com o cenário atual em que as marcas continuam iludidas na perspectiva de que a comunicação e um planejamento estruturado em argumentos e ideias ainda são meios para definir valor de um produto ou serviço.
Podemos ressaltar ainda, em nome de todas as consultorias de inovação e profissionais de UX do Brasil e do mundo – UX funciona. Salvem parte do seu investimento atual de comunicação e invistam em inovação com pesquisas de profundidade, prototipagem e testes, trabalhando com times especializados – esse é o atual caminho para encontrar respostas sobre seu público e definir uma jornada de valor para construção de um serviço ou produto mais eficiente.
Complementamos esse manifesto com um slide da palestra do Luis Arnal
A maquiagem que agências e designers as vezes fazem
para esconder os problemas
Outra abordagem de recrutamento que interessante – trazer operadores ou o pessoal do SAC para dentro das salas de ideação como forma de reduzir impacto de ideias não projetadas para usuários – o que obviamente não reduz a necessidade de pesquisar ou testar. Esta seria uma forma de melhorar empatia do time de projeto, valorizar equipe e, o mais importante, explorar informações que em grandes corporações costumam ficar distantes da estratégia das lideranças
Reclame Aqui sobre seu papel como ferramenta digital e consultoria para diagnóstico de problemas das grandes organizações
Muitos outros processos e modelos de pesquisas foram mapeados durante o evento, como podemos ver abaixo.
Processo qualitativo de pesquisa e concepção para o
Chatbot Bradesco – Service Design
KPIs conforme momento do serviço ou produto – Data Driven Design
Diário de Uso como forma de monitoramento qualitativo e quantitativo,
estudo de caso do Duolingo
A importância de se deixar transparente o processo de cross-device e criar
uma interface abstrata, prototipada em papel para obter clareza dos problemas
e requisitos de integração dos diversos devices
Tendências e Comportamento
Nos bastidores do ISA, o que mais sentimos falta foi de ver nos grandes palcos abordagens sobre comportamento e outras disciplinas convergentes para entender pessoas. Mas quem conseguiu acompanhar os pequenos palcos de humanas percebeu que muita gente já está trabalhando essa conexão.
As pessoas estão buscando interagir mais por conversas com dispositivos inteligentes – comando de voz e mensagens em áudio por exemplo
Aqui, a verdade sobre Inteligência Artificial pode não estar conectada ao aspecto da tecnologia, mas da responsabilidade ética e humana de se pensar mecanismos de criação e de sua evolução.
A grande tendência não está na tecnologia (até porque grandes players já estão nets corrida), mas na criação de estrutura humana capacitada para pensar diálogos estruturados em pessoas, considerando resultados ganha-ganha dentro da estratégia de ações dessa inteligência, o que pode facilitar e invadir nossas vidas na mesma proporção.
Human Design – UX para integração de Inteligência Artificial Preditiva
Adaptive UX como o mais próximo que um sistema pode ser das necessidades
de cada indivíduo, como por exemplo permitindo customizações
adaptáveis a cada um como um passo além das personalizações clusterizadas
Mas nem só de palestras e workshops é feito o ISA. O evento é a oportunidade perfeita para novas culturas, pessoas e formas de ver o mercado e modos de trabalho da UX. Almoços, happy hour, festas e passeios pela cidade fazem com que o networking ocorra naturalmente. Quando você menos espera, seus bolsos estão cheios de cartões e o celular com muitos contatos novos. O resultado? Expandimos 20% nosso networking, tanto de trabalho quanto de novas parcerias.
Por falar em cidade, Florianópolis recebeu muito bem quem participou do evento. Mesmo com a chuva de sábado, foi possível aproveitar a praia, comida e locais da cidade. Não foi à toa que teve gente da DUX querendo visitar a cidade o quanto antes e até mesmo cogitando uma mudança!
Para a surpresa de todos, o ISA anunciou em seu encerramento que aquela seria a última edição do evento. Mas, para a alegria geral, foi anunciado que a partir de agora foi criado o Interaction Latin America (ILA), que acontece ano que vem no Rio de Janeiro!
Nos vemos ano que vem na Cidade Maravilhosa!