E-commerce: uma porta aberta às pequenas empresas

Com as portas fechadas pela quarentena provocada pela COVID-19, o varejo brasileiro tem visto no e-commerce a única forma de manter-se vivo em meio a pandemia.

Se para diversas empresas de todos os portes as plataformas de venda digital não são novidade, o pequeno empreendedor que não possui intimidade com o comércio digital, foi obrigado a entrar nesse universo praticamente da noite para o dia.

 

Panorama do e-commerce no Brasil

 

Desde 2018, o Brasil é o país que possui o maior comércio digital da América Latina. Em 2019, foram R$133 bilhões em faturamento proporcionado por 36% da população brasileira, segundo a 4ª edição da Webshoppers, pesquisa realizada pelo e-bit. O mesmo estudo aponta que naquele ano, 5,3 milhões de brasileiros começaram a comprar em lojas virtuais no primeiro semestre de 2019. São 18,1% do total de compradores digitais do período. Ou seja, de pouco mais de 91 milhões de pessoas economicamente ativas e, a princípio, com capacidade financeira de consumo, temos pouco mais de 31% que usam a internet para fazer comprar.

Outra pesquisa, a Estilos de Vida, da Nielsen, também realizada no mesmo ano, mostrava que 55% dos brasileiros compram nas lojas físicas, embora 64% possuem smartphone.

Por outro lado, o ranking da Netrica quanto às empresas mais procuradas pelo consumidor brasileiro em janeiro de 2020, e portanto antes da quarentena, traz nas 30 primeiras posições marcas consagradas no mundo digital como Mercado Livre, Lojas Americanas, Amazon e Magazine Luiza.

 

 

“Eu, que trabalho com eventos presenciais como conferências e exposições, percebi a minha dificuldade em reuniões remotas com muitas pessoas.” 

Bebel Abreu

 

 

Um estudo realizado pela empresa Boa Vista, que gerencia o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) publicado pela edição online da revista Examequatro em cada dez empresas brasileiras faturam apenas 10% em vendas online do que ganham em suas lojas físicas. 

 

A matéria afirma que as empresas entrevistadas apontam como os maiores obstáculos para o sucesso virtual:

  • a “falta de conhecimento (18%); 

  • as dificuldades de comunicação para atingir o público (16%); 

  • a falta de mão de obra qualificada para tocar o negócio (15%).

  • a falta de método de prevenção de fraudes; 

  • o fato de a marca ser pouco conhecida (dificultando os esforços de marketing);

  • as barreiras logísticas para a entrega dos produtos (8%)

O quadro pandêmico coloca o pequeno empreendedor diante um obstáculo que não só desafia sua sobrevivência no mercado como sua capacidade de se reinventar.

 

 

StartUX Remoto

 

Antes dele, é necessário que falemos rapidamente do StartUX, uma iniciativa da DUXcoworkers voltada para amadurecer startups quanto à consistência da experiência que pretendem oferecer a o usuário. O programa oferece residência na sede da DUXcoworkers em São Paulo para estimular a troca de experiências e ideias entre os empreendedores e a equipe da empresa. Assim, na convivência diária com a culktura do UX e coworking, e acompanhamento de especialistas, as startups são orientadas a pensar além da ideia inicial que motivou a empreitada mas também no estabelecimento consistente no médio e longo prazo do business.

 

“Descobri que meu trabalho o não é o evento presencial, mas sensibilizar as pessoas sobre a essência do que é o desperdício.”

Tiemi Yamashita

 

 

Foi pensando em como ajudar os empreendimentos mais impactados pelo momento crítico que vivemos que surgiu StartUX Remoto, uma versão sprint e à distância do StartUX.

O programa tem uma semana duração na qual pequenos empreendedores se conectam via teleconferência com profissionais da DUXcoworkers durante duas horas do dia, levando algumas tarefas para casa que deverão, preferencialmente, ser resolvidas em grupos. 

Durante toda a semana, os participantes são estimulados a cooperarem entre si na busca de soluções inovadoras com base na compreensão da essência do seu negócio.

É a partir desta imersão de autoconhecimento e da empatia gerada entre os participantes, tanto em seus grupos quanto com os demais colegas.

Afinal, estamos todos no mesmo barco.

 

Pequenos valentes analógicos

 

Soluções de gestão, pessoas, negócios e processos. Estabelecer-se como designer de games analógicos. Consolidar-se como um estúdio fotográfico criativo e competente. Oferecer palestras de inovação ou de gestão do tempo sem que a distância comprometa o dinamismo e eficiência das atividades presenciais. 

 

 

“Foi uma semana incrível em que a gente pode compartilhar muitas ideias e colaborar um com o outro.”

Eunice Vitiello

 

 

Redescobrir uma forma de realizar eventos em meio isolamento sem deixar de construir pontes entre as pessoas. quer se digitalizar, composição de preço x serviço. Organizar e evoluir o fornecimento de equipamentos de pesquisa ambiental. 

Reinventar a profissão de maquiadora para que o serviço se mantenha ativo durante a quarentena e garanta clientes quando a crise de saúde passar. Fazer da moda sustentável um elemento transformador que traga mais empatia às pessoas através da mudança dos hábitos de consumo e do entendimento do que é moda.

Pessoas tão diferentes em suas histórias de vida, visão de mundo, formação e empreendimento, que têm na a digitalização um obstáculo comum.

 

Posso, quero, devo.

 

A construção de uma proposta de valor embasada na confiança e em seus próprios valores trazem a tona questões de personalidade do empreendimento no que tange ao que ele realmente oferece ao usuário.

Esse exercício de autoconhecimento pode se estender a própria pessoa do empreendedor quando seu negócio carrega um propósito que está vinculado ao modo de enxergar a vida do empresário.

 

 

“Não foi só um processo de imersão na carreira, mas na vida. Algo que dê sentido ao que quero oferecer ao mundo. Rever questões que há tempos precisam de atenção foi emocionalmente intenso.”

Bianca Baggio

 

 

A partir da clareza deste ponto, do que seu serviço ou produto realmente oferece que se torna possível mapear oportunidades e estabelecer prioridades para o negócio.

Sem este conhecimento, o empresário certamente vai querer algo que julgue não poder realizar mesmo que se arrisque a fazer o que não deve. E se este for o caminho trilhado, a frustração é certa. Porque ele pode até conseguir atingir metas sem apresentar consistência e portanto, sem viabilidade no médio e longo prazo.

 

 

Jornada

 

Estabelecidos estes pontos de ancoragem e pesquisando como age a concorrência direta e indireta, além de empresas que atuem em outros segmentos mas que tenha valores e propósitos inspiradores, pudemos iniciar a construção da jornada do usuário.

Quais são as perguntas que meu trabalho pode responder? A resposta será suficiente? Se não, como poderei satisfazê-lo plenamente, tendo em vista a transposição do meu negócio para o ambiente virtual?

Essas questões começam a ser respondidas lá atrás, na imersão. Conhecendo seus pontos fortes e suas fraquezas, o empreendedor é capaz de trabalhar com foco e assim, com mais agilidade para reinventar seu empreendimento tomando como guia a felicidade do usuário. E a sua própria realização como empreendedor e como ser humano.

 

 

“Muita coisa com o que convivi e aprendi nesta semana me deu muitas ideias e eu já estou colocando em prática.”

Eunice Vitiello

 

 

É disso que se trata a migração do analógico para o digital. Não basta uma loja virtual, uma plataforma segura e investir tempo e dinheiro em marketing digital. Tudo isso é importante para a consolidação de um projeto de digitalização, mas nada se sustentará se apenas pegarmos a empresa como ela aqui, na rua e leva-la assim para a internet. 

É preciso reinventar esta loja sem que perca a essência do negócio. Porque, como bem disse Adolfo Melito, que encerrou o StartUX Remoto tirando dúvidas quanto ao mercado digital, startups e tendências pós-covid. Em um artigo que escreveu com Melina Alves, o fundador da My First IPO escreveu que o que vendemos não é um produto ou serviço: é a experiência de consumo deste produto ou serviço.

Não podemos oferecer a experiência vivida presencialmente se a levarmos como uma cópia exata do que ela é em “carne e osso” para o ambiente digital. É preciso reinventá-la.

É preciso inová-la. E com os olhos no usuário. 

A DUXcoworkers agradece as participações de Bebel AbreuEunice VitielloTiemi YamashitaNelio Augusto SecchinPaula Morais e Juca, Daniele Dantas, Gustavo MachadoMario NicolettiCássia Silva e Souza e Bianca Baggio.

E aos voluntários Melina AlvesPoliana AlvesCarina TeixeiraThiago Martins e Alexei José.

 

 

 

 

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