Por Melina Alves, especialista em UX, fundadora da DUXcoworkers
* para ler a versão em inglês do artigo, vá ao fim do texto em português.
Vivemos um processo de ignorância aterrorizante por aqui, onde nosso histórico de colonização criou em nossa sociedade um sentimento de egoísmo com justificativa de sobrevivência, que nos impede de olhar para a ciência e para o bem comum de maneira respeitosa.
Estamos enterrados e soterrados pela lama do Congresso que a cada dia incentiva ainda mais o sentimento de dualidade política e rivalidade econômica que assolam nossa sociedade e a soberania dos cidadãos.
Somos todos pais e filhos jovens perante o mundo, sobreviventes da nossa breve história capitalista e conservadora que modelou a nossa essência pela conveniência.
Somos obrigados a ser direita ou esquerda, privilegiar a economia agrária ou agrícola, a ciência ou a religião, porque é mais simples decidir pelos caminhos que são impostos do que criarmos nossa jornada permitindo o diálogo e as novas soluções.
A dualidade política e a rivalidade econômica assolam nossa sociedade e comprometem a soberania dos cidadãos.
No momento em que o mundo todo se une para lutar contra um vírus, uma grande parcela da população aculturada por essa histórica dualidade presente em nossa cultura por quase 500 anos, se orienta pela decisão de um líder como se não houvesse caminhos de sobrevivência a não ser aquele que já estão acomodados a pensar e agir.
É época de transformação digital, mas antes precisamos de uma transformação social. Estamos todos ainda reduzindo o potencial divino que a humanidade tem de adaptação e de fazer escolhas, as grandes mudanças estão sob os nossos olhos.
Índios somos e sempre seremos com muito orgulho, mas ingênuos nunca mais.
Se vivemos hoje o colapso do sistema de saúde e estamos unindo forças globalmente para minimizar os danos de um massacre, imaginem os números de mortes causados pela falta de água potável? Bastam três dias para o corpo parar de funcionar e uma cadeia de biodiversidade imensa ser dizimada. Essa descoberta não foi feita há alguns meses, já temos essa informação.
Não queremos trocar nossas nascentes de água doce por espelhos, nem por vinho, roupas ou eletrônicos. Índios sim, seremos sempre com muito orgulho, mas ingênuos nunca mais. Pagamos um preço muito alto com vidas e com desrespeito à nossa cultura desde a colonização e fomos forçados a admirar algo que não é próprio da nossa essência. Precisamos urgentemente não esperar que a próxima onda de massacre aconteça debaixo dos nossos pés.
Se continuarmos a ter a mesma opinião binária – sustentabilidade ou lucro, ecologia ou agricultura – iremos perder a chance de resgatar nosso orgulho de sermos brasileiros perante nós mesmos e humanos perante o mundo.
A agricultura de pequeno porte e diversificada pode ser o principal respiro da nossa economia.
Somos abençoados pela natureza que temos, pelo clima e pela terra. A essência de superação do coronavírus ou de qualquer outro tipo de doença pode ser o nosso próprio sistema imunológico. O alimento que por falta de administração correta está sendo jogado fora enquanto parte da população morre de fome. A preservação e o cultivo da terra, florestas e principalmente a agricultura de pequeno porte e diversificada pode ser o principal respiro da nossa economia e porque não do resgate da nossa essência? Plantar, colher em equilíbrio em respeito a todo tipo de vida não é só parte da condição humana mas tem um ponto de partida fundamental: a preservação da água.
Já estamos fazendo algo por isso?
I ask for amnesty to the world for humanity
by Melina Alves, UX Specialist, founder of DUXcoworkers
We live in a continuous state of terrifying ignorance in Brazil, where our history of colonisation has created in our society a feeling of selfishness justified by the need to survive, that holds us back from the consideration of science and respecting community values.
We are buried by the mud of the congress that each day encourages even more the feeling of polarised politics and economic rivalry that plague our society and the sovereignty of citizens.
We are all parents and children facing the world, survivors of our brief, capitalist and conservative history, that shaped our values for convenience.
We are obliged to be right or left, support the agrarian or agricultural economy, the science or religion. All of this because it is easier to choose the well trodden path than create our own way by allowing dialogue and new solutions.
Political duality and economic rivalry plague our society and undermine citizens sovereignty.
At a time when the whole world unites to fight a virus, a large proportion of our population cultured by this historic duality shaped over almost 500 years, are blinded, guided by a SUPPOSED leader as if there was no other way to exist.
It is the time for digital transformation but beforehand we need a social transformation. We are all reducing our capacity to adapt and decision make. The big changes are staring right at us and we are not doing enough.
We are facing the impending collapse of the health system and we are working together aiming to minimise losses, imagine how much bigger would be the devastation of a potable water crisis? Three days is enough for a human body to fail to function and biodiversity to decimate and we all know that very well.
Indians we are and always will be with great pride, but never more naive.
We are not happy to exchange our fresh water to mirrors, neither to clothes, wine or electronics. Indigenous yes we will always be and proudly, but naive never again. We paid with blood and sweat, easily manipulated to give up our own culture to glorify that of other nations that wasn’t part of our own ethos. We cannot keep repeating the pattern.
By having the same binary choices – sustainability or profit, ecology or agriculture, we will lose the chance to recreate in ourselves the proudness of being Brazilian and respected beings for the world. We are blessed for our nature, weather and land. The force of overcoming the Coronavirus or any other type of disease may be our own immunological system. In Brazil 26 tons of food are wasted every year and now the situation has worsened all because of bad management while the statistics of undernourished people has increased recently.
Small and diversified agriculture can be the main breath of our economy.
Preservation, agroecology, cultivation of the land on a smaller scale and in a diverse way could be the main force for the economy and why not to rescue our ethos? Work the land, harvesting is not only part of the human condition but its a fundamental starting point for everything: The water. Are we doing enough for it?