Estamos vivendo tempos de enorme aprendizado, reorganizando-nos em todos aspectos diante da maior pandemia experimentada pela humanidade: pessoalmente, socialmente, profissionalmente, economicamente, politicamente. Não bastassem esses desafios, as soluções e expectativas que criamos para alguns deles, há muitos outros pontos que precisaremos resolver.
A ansiedade social, movida pela tecnologia, aumenta a velocidade das mudanças e propicia que a concentração dos recursos (financeiros, naturais, humanos) transforme também a cadeia de valores humanos. E como reflexo, precisamos encontrar novos caminhos para garantir a inclusão e participação de todos nesse processo pautado na inovação.
É impossível que consigamos listar neste único artigo todos os desafios que se apresentam em nosso horizonte. Pinçamos aqui alguns deles, entre tendências e constatações, que podem nos levar a refletir sobre alguns pontos que estão desenhando nosso futuro e já habitam o presente, diante da tamanha necessidade que temos de implementá-los.
B2B mais colaborativo
O pensamento colaborativo já é uma realidade para pequenos e médios empreendimentos, que são mais ágeis na percepção do impacto e na aplicação dos anseios de seus clientes na construção de seus produtos e serviços. O consumidor final [B2C] participa nessas empresas como cliente e apoio de decisão de forma imediata.
Já as organizações que produzem bens e serviços para outras empresas [B2B], percebendo a tendência de mercado de olhar para o usuário/consumidor, buscam alinhar o pensamento da liderança a uma cultura mais colaborativa e integrada entre pessoas, fornecedores e experiências diversas.
A colaboração das metodologias de experiência do usuário _ User Experience _ fez nascer o Costumer Experience _ CX, criando alavancas capazes de confrontar e desafiar as certezas de antes para que se pratique a escuta dentro do processo corporativo e produtivo. A capacidade de trazer a voz de mais pessoas para o centro da mesa, colaborando no processo decisório também das grandes empresas, é forte tendência para a melhoria das relações humanas internas da organização (o que se refletirá em âmbito social), dos produtos e dos serviços.
A era da curadoria
Passamos, não incólumes, pela era do FOMO [Fear of Missing Out]. O temor de estar “por fora” de qualquer assunto, especialmente nesse território de conteúdos tão esquecíveis quanto ligeiros que são as mídias sociais, trouxe a saturação de informações como um reflexo nocivo da era tecnológica.
Em prol da saúde mental, vemos ressurgir a era da curadoria.
A seleção de conteúdo de qualidade e a ‘autocuradoria’ é tendência, inclusive de novos negócios. A mudança experimentada nas gráficas e grandes revistas substituídas, gradativamente, pelo conteúdo digital dão lugar a novos nichos e clubes de informação com a curadoria de equipes especializadas. Os clubes de assinaturas de livros, de vinhos, de itens de decoração e mesmo de conteúdo distribuído pela internet — tem a tentativa de integrar novamente as pessoas, criando experiências offline em torno de temas online.
Derrubem os drones
A crise climática se torna pauta urgente. Inspirada na crise sanitária, o olhar para o clima faz despertar na sociedade a pluralidade para que ações coletivas sejam pensadas e construídas de forma coordenada.
Assistir a tudo de cima, como se fossemos um drone sobrevoando a todas essas urgências, de forma contemplativa e distante, não é uma alternativa.
É preciso que as políticas públicas estejam pautadas em metas desenhadas para conter os impactos ambientais, unindo a iniciativa privada em torno de compromissos práticos para que os critérios de ESG [sigla em inglês utilizada para sinalizar indicadores ambientais, sociais e de governança destinados ao mapa de investimentos financeiros responsáveis] não se limitem a tendências.
Potencial da floresta e da criatividade
Em linha com os desafios de aplicar as metas de ESG, no Brasil surgem novas oportunidades.
Não obstante todas as dificuldades relacionadas à proteção do meio ambiente, a criatividade dos empreendedores que acreditam no potencial da floresta nos convida para criar inovação aberta de impacto positivo.
Iniciativas que visam apoiar projetos de preservação de matas, o reflorestamento e a comercialização de créditos de carbono certificados são uma alternativa para que grandes empresas possam compensar suas emissões de carbono, até que os tão desejados ajustes no processo produtivo de bens e as mudanças na matriz energética para fontes geradoras de energia menos poluentes sejam, de fato, totalmente implementadas.
A demanda mundial por créditos de carbono move, ainda mais, a necessidade de preservação do meio ambiente.
Desafios para nós, brasileiros, apesar das oportunidades: zelar pelo coletivo, incentivar a construção de políticas ambientais e econômicas eficientes que permitam, não só a existência e o respeito das culturas tradicionais de preservação das florestas, mas o alcance de investimentos privados aos pequenos projetos, aumentando a conscientização da população e os impactos positivos. E claro: parar o desmatamento. Sem floresta, não há crédito.