Neste artigo da DUXcoworkers apresentaremos o case Minhocão relacionado ao UX City. O elevado Presidente João Goulart inaugurado em 1971 e chamado popularmente de Minhocão é alvo de debates desde sua concepção, até que em 2014 tomou novos rumos.
Segundo a Lei do Plano Diretor Estratégico (PDE), o local terá sua funcionalidade ressignificada totalmente com data limite para meados de 2030. Na época de sua divulgação o debate girava em torno sobre o que fazer com o elevado. O impasse entre desmontar, torná-lo um parque suspenso ou mantê-lo como estava criou uma necessidade de resolução para o futuro das cidades inteligentes. Aliás, assunto que está em pauta ainda.

Voltando no tempo, o Minhocão foi uma via que foi construída pela gestão pública sem participação cidadã e acabou degradando o entorno sem resolver o problema de mobilidade. Ele ainda é alvo de críticas e de expectativas.
O fato dele ter sido levantado sem a opinião pública e próximo a prédios residenciais são os pontos centrais que são polêmicos. Os problemas que surgiram vão desde poluição sonora a falta de privacidade para os moradores dali. Sendo apenas alguns dos incovenientes relatados durante os anos.
As janelas dos apartamentos localizados aos arredores do elevado João Goulart mais próximas ficam a apenas 5 metros de distância de alguns trechos. O problema ainda envolve aumento da temperatura nos apartamentos no nível do elevado. Ao todo são 90.352 pessoas que vivem em seu entorno, segundo dados do Censo de 2010.
Transformação em parque
Ao longo dos anos, o elevado passou a ter a circulação de carros interrompida em determinados horários da semana e totalmente exclusivo para pedestres nos domingos e feriados. Dessa forma, as pessoas começaram a subir para o elevado para usá-lo como espaço para fazer caminhadas, correr, andar de bicicleta e outras práticas de lazer. Como se um fosse um parque.
A tranformação do seu uso foi uma apropriação espontânea do espaço público pelas pessoas. A medida da prefeitura para beneficiar os moradores da região, que era fechar a via para ter menos poluição sonora e de poluição gerou um novo incômodo. O elevado virou um corredor cultural e a movimentação de pessoas no local também foi alvo de reclamações. No entanto, em 2016, o então prefeito Fernando Haddad sancionou uma lei que criou o Parque Minhocão.
Em 2020 ocorreu a pandemia e depois do caos inicial de restrição e lockdown, as pessoas passaram a procurar locais de lazer dentro da cidade e perto de suas casas, ampliando o conceito de apropriação da cidade como um bem público e de uso coletivo. Um dos exemplos foi o Parque Minhocão, uma das poucas áreas de lazer no centro. Saindo desse contexto e cenário podemos entender o momento a seguir.
Case UX City da DUXcoworkers

Em 2021 a DUXcoworkers teve uma iniciativa com UX City em que estabeleceu o diálogo com as pessoas que usam o elevado como via de transporte ou lazer, moradores de bairros e regiões afetadas pelo Minhocão para promover uma conversa entre a iniciativa privada e o poder público.
UX City é um laboratóvel móvel para pesquisas colaborativas de experiência de usuários para cidades inteligentes. O time da DUXcoworkers possui um grupo de profissionais envolvidos diretamente com as questões no eixo de cidades sob ótica integrada aos desafios da infraestrutura, mas também da convivência e dos aparelhos adjacentes, que transitam na cidade como sensores, carros, bicicletas, sinais de trânsito, entre outros equipamentos.
O objetivo da iniciativa liderada pela DUXcoworkers era chegar a uma conclusão sobre o que fazer com o artefato público. Foi aberta uma pesquisa com design de experiência para que os cidadãos se tornassem decisores com uma percepção equilibrada e inteligência de gestão colaborativa como uma das formas de gerir espaços públicos e promover cidadania. Além disso, foi uma aplicação do UX dentro da chancela de facilitar o discurso entre público e privado e fizesse com que a comunicação fosse transformada com aplicação de um sistema de escuta e o poder de transformar opiniões em produto.
Futuro com cocriação e cidadania

Então, fica a seguinte reflexão para os designers de produtos e suas ferramentas com aplicação de metodologias: como gerar cidadania para tornar o futuro colaborativo com cocriação para melhorar cidades. Afinal de contas, estimular os cidadãos para que eles desempenhem um papel de gestão de seus bairros, do entorno em que vivem é algo que beneficiará a todos. E esse elemento foi o que faltou na hora de implementar o elevado na gestão do Paulo Maluf em sua época.
Fundamentos do UX, design colaborativo e inteligência coletiva
A iniciativa da DUXcoworkers com UX City foi um trabalho de aplicação dos fundamentos do UX com design colaborativo como cultura de projeto das cidades inteligentes, com uso da escuta do usuário com prototipagem e teste com trabalho colaborativo de inteligência coletiva.
Uma pesquisa autoral da DUXcoworkers com os pesquisadores coworkers para levar para o ambiente de cidades, o design de experiência e a pesquisa de experiência como método científico, trazendo a experiência do cidadão como dado para as decisões de mobilidade, ocupação urbana, novos empreendimentos de moradia, comércio e áreas de convivência.

O projeto foi uma ação colaborativa entre parceiros e coworkers com planejamento, execução de pesquisa, report com resultados e publicação. O trabalho envolveu desenvolvimento e aplicação de metodologias, seleção de partipantes, uso de pesquisas, avaliações e análises das informações obtidas para aplicação nos relatórios e divulgação. A pesquisa foi realizada entre os meses de março, abril e maio de 2021 com percepções de quem usa o elevado.
Foram feitos mapeamento de tendências, busca por inovação com entrevistas com profundidade com usuários, validação de hipóteses e cocriação para apresentar a visão dos usuários sobre o Minhocão, impactos e visão de solução deste público. Para tal foram trabalhados extremos de comportamento e híbrido para traçar uma jornada ideal no contexto de uso e interação do espaço. Os testes foram filmados e monitorados com pesquisa por videoconferência por computador ou celular.

As cidades são um ecossistema urbano e plataforma de interação que abriga diferentes perfis de pessoas. A pesquisa da DUXcoworkers chegou a criação de 3 personas baseadas em usuários reais com opiniões diferentes.
As personas são perfis criados a partir da coleta de dados e representam comportamentos em larga escala. Uma delas foi a Cética. Uma persona que pode ser moradora ou apenas frequenta a região, não tem carro e usa o transporte público embaixo do Minhocão, não confia na prefeitura e suas intenções, frequenta o elevado de forma esporádica, caminha pela região e tem consciência de que as decisões têm interesse político e imobiliário.

A questionadora considera o elevado apenas um viaduto feio na cidade, sendo só mais uma rota para deslocamento, questiona falta de soluções sociais e e de saúde relacionadas ao Minhocão, ela preferiria que o elevado não existisse, considera outros problemas mais importantes e já morou ou frequentou locais próximos.

Já a entusiasta tem carro, mas prefere usar transporte público ou andar a pé, frequenta o elevado por prazer, possui uma profissão liberal como artista, acredita em um lugar para todos, mora com outras pessoas na região ou não.

Estas três personas representam pessoas reais com desejos e necessidades diferentes relacionadas ao Minhocão, que podem ser levadas em consideração na hora de apontar soluções de gestão pública para saber o que fazer com o elevado no futuro. No presente é um indicador de ações que possam melhorar o uso e promover a cidadania ou mudar a percepção dos cidadãos sobre seu uso e importância. São inúmeras aplicações dos perfis para projetar produtos e soluções para as cidades inteligentes.
Os perfis de usuário traçados no estudo colaborativo apontam um perfil completo obtido através de entrevistas profundas com modo de agir, dores, linha de pensamento e ganhos. Além disso, suas percepções foram divididas em relação ao uso por mobilidade e parque com contextos em relação a atividades, estrutura, entorno e avaliação, tanto na parte do elevado, quanto embaixo no viaduto.
A partir disso foi estabelecido uma análise a partir das 3 personas com indicações de soluções com proposta e oportunidades quanto ao seu uso, estrutura e o entorno. Sob aspecto geral, os testes e pesquisas geraram insights quanto mobilidade de veículos particulares, quem usa transporte público, quem anda a pé ou bicicleta, quanto ao lazer e esporte, cultura e como o uso foi afetado pela pandemia.
A equipe de pesquisadores da DUXcoworkers também analisou as oportunidades de futuro com resposta dos usuários.

Os resultados completos do case foram apresentados em uma Live gratuita com vagas limitadas no dia 17 de agosto e divulgada nos canais sociais da DUXcoworkers mostrando as perspectivas dos usuários com discussão do passado, presente e futuro do Minhocão. Fato é, que o futuro e poder decisório do Minhocão ainda está em aberto e em debate. É importante que os cidadãos exerçam sua participação e pesquisas e estudos continuem sendo feitas. Também é fundamental que os gestores enxerguem a pesquisa UX para transformar debates urbanos cocriando o futuro misturando urbanismo com design de experiência.
Se interessou pelo case? Quer saber todos os resultados coletados do case Minhocão do UX City da DUXcoworkers e discutir o futuro das cidades inteligentes? Vamos bater um papo, envie um e-mail para [email protected] ou mande um oi no WhatsApp (11) 99370 4770.
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